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Crise no Nepal: manifestantes declaram controlo do país após queda do governo

Uma onda de protestos no Nepal, que começou na segunda-feira e rapidamente evoluiu para confrontos violentos, levou esta terça-feira à demissão do primeiro-ministro Sharma Oli e ao colapso de vários edifícios institucionais. Os manifestantes, que se autodenominam protagonistas da “Revolução Geração Z”, afirmam ter assumido o controlo político do país e exigem eleições antecipadas.

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A contestação resultou em ataques contra instalações estatais e residências de dirigentes. O Parlamento, a Suprema Corte, o Ministério Público e o Palácio Singha Durbar, sede do governo e de vários ministérios — foram incendiados, assim como casas de antigos e actuais responsáveis políticos. Entre as vítimas mortais encontra-se Rabi Laxmi Chitrakar, esposa do ex-primeiro-ministro Jhala Nath Khanal, que não resistiu às queimaduras após o incêndio da sua residência em Katmandu.

O ministro das Finanças, Bishnu Prasad Paudel, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Arzu Rana Deuba, foram agredidos em público. Também o ex-primeiro-ministro Sher Bahadur Deuba foi atacado. Já o presidente Ram Chandra Paudel e o até então chefe do governo, Sharma Oli, foram evacuados de helicóptero pelo exército, segundo a agência russa TASS.

As prisões tornaram-se outro alvo da revolta: centenas de detidos conseguiram fugir em Dhangadhi e Lalitpur, incluindo mais de 1.500 prisioneiros da cadeia de Nakhu.

De acordo com a imprensa local, a revolta foi desencadeada pela decisão governamental de restringir o acesso a aplicações de mensagens e redes sociais não registadas junto do Ministério das Comunicações. A medida foi interpretada como um ataque directo à liberdade de expressão.

O chefe do Estado-Maior do Exército, Ashok Raj Sigdel, deverá dirigir-se ao país ainda hoje. Enquanto isso, imagens de ruas em chamas e edifícios destruídos circulam pelas redes sociais, confirmando a gravidade da crise que mergulhou o Nepal num dos momentos mais instáveis da sua história recente.