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Morte de agente da PN agrava tensão em Luanda: Vídeos denunciam execuções sumárias na caop e demais bairros.

A Polícia Nacional confirmou esta terça-feira a morte de um oficial em serviço na província de Icolo e Bengo, elevando para cinco o número de vítimas mortais resultantes dos protestos associados à greve dos taxistas em Luanda. A corporação contabiliza também 1.214 detenções desde o início da paralisação, marcada por actos de vandalismo, pilhagens e violência urbana.

Registro autoral da fotografia

Há 4 dias
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Contudo, relatos e vídeos partilhados nas redes sociais denunciam acções policiais que indiciam execuções sumárias, sobretudo em zonas periféricas como o bairro Caop, em Viana. As imagens, de grande impacto e autenticidade difícil de refutar, mostram agentes da polícia a disparar à queima-roupa contra civis desarmados, muitos dos quais já neutralizados no chão. Em alguns casos, os corpos são abandonados à vista de todos, sem qualquer assistência.

As denúncias agravam o clima de tensão e lançam dúvidas sobre o uso da força por parte das forças de segurança, num contexto já marcado por frágil confiança pública nas instituições. Organizações de direitos humanos, ainda que de forma cautelosa, começam a reagir, pedindo apurações urgentes e independentes sobre os alegados abusos cometidos durante a repressão às manifestações.

Durante uma conferência de imprensa em Luanda, o porta-voz da Polícia Nacional, subcomissário Mateus Rodrigues, insistiu que a situação de segurança na capital é considerada “estável” e que as acções levadas a cabo visam apenas “neutralizar focos de vandalismo”. Evitou, no entanto, qualquer comentário sobre os vídeos que circulam nas plataformas digitais e que mostram o que parecem ser execuções extrajudiciais.

O subcomissário referiu ainda que, na sequência dos protestos, uma viatura da corporação embateu contra uma parede em Viana, provocando ferimentos ligeiros em efectivos. Apontou que as ocorrências dos últimos dias resultam de um plano concertado de “indivíduos que pretendem, através da pilhagem e da violência, criar um cenário de instabilidade”.

Os protestos tiveram início na segunda-feira e foram convocados por organizações de taxistas em resposta à subida do preço dos combustíveis e das tarifas de transporte. Embora a direcção nacional da ANATA tenha anunciado a suspensão da greve, núcleos regionais, como o de Luanda, mantêm a paralisação, alegando que as reivindicações ainda não foram atendidas.

Esta terça-feira, Luanda despertou com as principais vias desertas, estabelecimentos comerciais encerrados e relatos de tentativas de invasão a lojas e armazéns. Em algumas zonas, os transportes públicos voltaram a circular sob escolta policial.

Apesar das garantias de controlo da ordem pública por parte das autoridades, as denúncias de violência policial extrema e os vídeos que continuam a emergir online exigem respostas urgentes por parte do Ministério do Interior e da Procuradoria-Geral da República.

Analistas alertam para os riscos de erosão da confiança institucional caso não sejam investigadas com transparência as alegações de execuções sumárias que, a confirmarem-se, configuram graves violações dos direitos humanos.