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Após três dias de violência: Luanda volta timidamente à normalidade

Após três dias marcados por protestos, pilhagens e confrontos que provocaram 22 mortos, 197 feridos e mais de 1200 detenções, Luanda começou esta quinta-feira a retomar a sua rotina, ainda sob forte presença policial e com marcas visíveis dos tumultos.

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Há 4 dias
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O ambiente na cidade é agora de aparente tranquilidade. Nas principais vias, como a Via Expressa entre o Zango e Cacuaco, o trânsito fluía com relativa normalidade. No entanto, várias bombas de combustível mantêm vigilância reforçada, com fraca afluência de utentes.

Também os armazéns geridos por comerciantes chineses continuavam sob protecção da Polícia de Intervenção Rápida (PIR), que fiscalizava quem entrava nos estabelecimentos. O reforço da segurança estende-se a zonas comerciais de maior vulnerabilidade.

Nas ruas, zungueiras e vendedores ambulantes voltaram a ocupar os seus locais habituais, manifestando alívio pelo regresso da actividade. Apesar disso, os sinais dos confrontos ainda permanecem visíveis: pneus queimados, resíduos nas estradas e algumas lojas vandalizadas.

Os mototaxistas e os tradicionais “azuis e brancos” (táxis privados) voltaram a circular em maior número, com paragens de transporte progressivamente mais cheias, à medida que a cidade procura retomar o seu ritmo habitual.

Na Praça da Independência, centro nevrálgico da capital, o movimento automóvel era esta manhã mais leve do que o habitual, denotando ainda os efeitos da recente paralisação.

Os distúrbios e actos de violência surgiram na sequência de uma paralisação convocada por associações e cooperativas de taxistas, em protesto contra o aumento do preço dos combustíveis e das tarifas do transporte público.

O ministro do Interior, Manuel Homem, apresentou na quarta-feira o balanço dos incidentes no Conselho de Ministros, referindo que, só em Luanda, registaram-se 22 vítimas mortais, 197 feridos e 1214 detenções. O Governo classificou os acontecimentos como “actos de vandalismo”.

O sector empresarial, especialmente o comércio e a distribuição alimentar, foi igualmente atingido pelas pilhagens. A Associação de Empresas de Comércio e Distribuição Moderna de Angola (ECODIMA) descreveu o impacto como um “desastre”, alertando para as consequências económicas da insegurança e da destruição de infra-estruturas.

Apesar da melhoria visível, a capital permanece sob forte vigilância. As autoridades garantem que continuarão empenhadas na estabilização total da ordem pública e no restabelecimento da confiança entre cidadãos e instituições.