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ACNUR abandona Angola por falta de fundos

Escritórios da agência da ONU encerram até ao fim do ano. Mais de 56 mil refugiados ficam sem apoio directo no país

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Há 2 semanas
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O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) vai encerrar, até ao final de 2025, todos os seus escritórios em Angola devido a uma crise financeira global que compromete o funcionamento da instituição. O anúncio foi feito esta terça-feira no Dundo, província da Lunda Norte, pela representante do organismo no país, Emmanuelle Mitte.

A decisão, que apanhou de surpresa muitas organizações parceiras e autoridades locais, afecta directamente milhares de refugiados, sobretudo da República Democrática do Congo, acolhidos em território angolano. Segundo dados do próprio ACNUR, Angola alberga actualmente mais de 56 mil refugiados e requerentes de asilo, dos quais cerca de 6000 vivem no assentamento de Lôvua, na Lunda Norte.

“Infelizmente, o contexto internacional obriga-nos a redireccionar recursos e a fechar operações em vários países, incluindo Angola”, declarou Emmanuelle Mitte, citada pela Rádio Nacional de Angola. A responsável garantiu, no entanto, que o acompanhamento dos refugiados continuará a ser feito a partir do escritório regional do ACNUR na África do Sul.

Neste momento, a agência das Nações Unidas conta com dois escritórios em Angola: a sede em Luanda e uma delegação de campo no Dundo. Ambos serão encerrados no último trimestre do ano.

A saída do ACNUR deixa um vazio preocupante na protecção e assistência humanitária aos milhares de deslocados que dependem do apoio institucional para sobreviver em condições mínimas de dignidade. A medida levanta também sérias questões quanto à capacidade de resposta do Estado e de outras agências internacionais presentes no terreno.

O encerramento em Angola faz parte de um movimento mais amplo de redução de presença física do ACNUR em países considerados de “baixa prioridade”, numa altura em que a instituição enfrenta cortes drásticos de financiamento e tem de dar resposta a novas crises humanitárias em regiões mais instáveis.