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Líder associativo distancia-se de actos de vandalismo durante greve dos taxistas em Luanda

O presidente da Cooperativa de Táxis Comunitários de Angola, Rafael Inácio, repudiou esta segunda-feira os episódios de violência e vandalismo registados durante o primeiro dia da paralisação dos taxistas em Luanda, apelando ao respeito pela natureza pacífica do protesto e criticando o alegado aproveitamento político da manifestação.

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Há 1 semana
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A greve, convocada por várias associações do sector entre as quais a ANATA, ATA e CTMF, decorre até quarta-feira e visa contestar o aumento do preço do gasóleo, que passou de 300 para 400 kwanzas por litro no início do mês, no âmbito da política de retirada gradual do subsídio aos combustíveis.

Apesar de manifestar solidariedade com os objectivos da paralisação, Rafael Inácio alertou para o desvio de intenções observado em algumas zonas da capital. “Estamos a fazer rondas desde as primeiras horas do dia e temos constatado um absentismo total dos ‘azuis e brancos’ nas ruas, mas também episódios de vandalismo e aproveitamento político que não representam os taxistas”, afirmou o dirigente associativo.

Entre os incidentes registados, destacam-se a destruição de viaturas e a queima de pneus em áreas como Kilamba Kiaxi. Rafael Inácio sublinhou que os protestos devem manter um carácter ordeiro e não devem ser instrumentalizados por forças políticas. “O exercício do direito à greve não deve ser confundido com arruaça. Taxistas sempre lutaram pelos seus direitos de forma autónoma”, frisou.

O comando provincial da Polícia Nacional de Luanda, através do seu porta-voz Nestor Goubel, confirmou a ocorrência de distúrbios em vários pontos da cidade e garantiu o reforço da presença policial nas zonas críticas. “Estamos a actuar com base nas denúncias recebidas e a tomar medidas para repor a normalidade”, indicou, remetendo para mais tarde declarações adicionais.

A paralisação dos taxistas surge na sequência do agravamento das tarifas dos transportes públicos colectivos, que reflectem o novo preço do combustível. A tarifa dos táxis colectivos passou de 200 para 300 kwanzas, enquanto a dos autocarros urbanos subiu de 150 para 200 kwanzas. O ajuste, segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), visou garantir o equilíbrio entre a sustentabilidade das operadoras e o poder de compra da população.

Os profissionais do sector queixam-se ainda da falta de diálogo com as autoridades e de outros constrangimentos, como o custo elevado das peças de reposição, a remoção de paragens sem aviso prévio e a ausência de políticas concretas de formalização da actividade.

Vídeos amplamente partilhados nas redes sociais ilustram a paralisação quase total do serviço em Luanda, com paragens sobrelotadas e ruas sem circulação de táxis. Esta é a quarta manifestação pública de descontentamento desde a actualização do preço do gasóleo, depois de três sábados consecutivos de protestos.

As associações exigem uma resposta urgente do Executivo e alertam que a pressão poderá intensificar-se, caso não sejam ouvidas as preocupações do sector.