0º C

12 : 04

João Lourenço trava sucessões antecipadas no MPLA: «Não apoio absolutamente ninguém»

Num momento em que começam a surgir nomes apontados como possíveis sucessores à liderança do MPLA, o Presidente da República e líder do partido, João Lourenço, fez um aviso claro e sem rodeios: “Nem eu, nem o partido apoiamos absolutamente ninguém.”

Registro autoral da fotografia

Há 2 dias
2 minutos de leitura

Em entrevista concedida esta Segunda-feira à Televisão Pública de Angola (TPA), João Lourenço reagiu às movimentações internas com uma mensagem de firmeza: “O MPLA é um partido maduro, com regras claras. Quem tentar passar a ideia de que tem a minha bênção será publicamente desmentido.”

A declaração surge após rumores de que o general Higino Carneiro, antigo governador de Luanda e figura influente no seio do partido, estaria a posicionar-se como candidato às eleições presidenciais de 2027 e já teria informado o próprio Presidente da sua intenção.

Para Lourenço, qualquer militante que se apresente como “super general” ou “predestinado” a ocupar a presidência da República representa uma ameaça à democracia interna. “É muito grave alguém tentar fazer-se passar por enviado do destino. Isso mata a competição e nega aos outros o direito de disputar legitimamente a liderança”, sublinhou.

O Presidente aproveitou para lembrar que “é fácil desmontar narrativas fabricadas”, bastando recuar à trajectória de cada militante. “Ainda estamos vivos e sabemos o que cada um fez de bom e de mau”, ironizou.

As declarações surgem num contexto político marcado por debates sobre mudanças no pacote legislativo eleitoral em preparação para as eleições gerais de 2027. Sobre estas propostas, João Lourenço afirmou que é natural rever as leis entre ciclos eleitorais para reduzir suspeições: “As nossas eleições ainda são perseguidas pela desconfiança. É preciso criar leis que gerem mais clareza e confiança no processo.”

O Presidente também se pronunciou sobre a recente audiência com o líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior, dizendo que encontros com a oposição devem acontecer sempre que houver “matéria que o justifique”. No entanto, reagiu com frieza à sugestão de diálogo permanente para aliviar a tensão política: “Não se provoca a tensão para depois vir ao palácio apagá-la com um encontro. A política não pode funcionar como um teatro de crises artificiais.”

Com estas declarações, João Lourenço marcou posição: recusa sucessores auto-proclamados, defende uma sucessão legítima e quer um MPLA unido, disciplinado e preparado para enfrentar o próximo ciclo eleitoral sem pressas, nem herdeiros improvisados.