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Autoridades religiosas exortam Governo ao diálogo perante clamor social

Num momento marcado por elevada tensão social em Luanda, líderes religiosos apelaram esta Terça-feira à contenção, civismo e diálogo, condenando os actos de vandalismo registados desde o início da greve dos taxistas e advertindo para o agravamento do sofrimento da população.

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Há 6 dias
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O arcebispo de Saurimo, Dom José Manuel Imbamba, também presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), alertou para o contexto de “pobreza e miséria” que afecta o país, mas rejeitou a violência como forma de resposta. “Estamos a viver momentos difíceis, mas não podemos aproveitar este motivo para vandalizar e destruir aquilo que, com sacrifício, foi construído”, afirmou, em declarações à Emissora Católica de Angola.

O prelado defendeu que o caminho para resolver as dificuldades deve passar pelo diálogo e pela cooperação entre cidadãos e instituições, sublinhando a necessidade de humildade e serenidade para enfrentar os desafios sem destruir os alicerces já existentes. “O civismo deve falar mais alto”, insistiu.

A posição da Igreja Católica foi acompanhada por outros actores religiosos. O Conselho Islâmico de Angola (CONSIA), em comunicado divulgado esta Terça-feira, classificou como “justas” as reivindicações populares, mas apelou a que estas sejam feitas dentro dos limites da lei e da ordem pública.

O documento, assinado pelo presidente do CONSIA, Altino da Conceição Miguel, aconselha os cidadãos a manterem a urbanidade e exorta os crentes muçulmanos a reforçarem a vigilância nas suas comunidades, locais de culto e zonas residenciais. O conselho religioso apelou ainda às autoridades angolanas para que privilegiem o diálogo e não ignorem os sinais de desgaste social.

A cidade de Luanda tem sido palco, desde Segunda-feira, de uma greve de taxistas convocada por associações do sector, com protestos que rapidamente escalaram para actos de violência, pilhagens e confrontos. A polícia reportou, até esta Terça-feira, pelo menos quatro mortos e mais de 500 detenções, números que ilustram a gravidade da situação.

O ambiente permanece tenso na capital, com várias áreas ainda sob forte presença policial. Estabelecimentos comerciais, escolas e serviços públicos operam com restrições e cautelas, enquanto a população tenta retomar alguma normalidade num cenário de incerteza.