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Angola e São Tomé reforçam aliança africana contra o vírus mpox e outras epidemias

Angola e São Tomé e Príncipe juntaram-se a uma frente continental para conter surtos de doenças como o vírus Monkeypox (mpox), que continua a assolar várias regiões de África. A decisão surgiu no âmbito de uma reunião regional promovida em Nairobi, no Quénia, com o apoio do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças de África (CDC África), órgão da União Africana.

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Há 3 semanas
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Além de Angola e São Tomé, o compromisso foi assumido também por representantes da República Democrática do Congo (RDCongo), Burundi, Maláui, Ruanda, Uganda, Sudão do Sul, Zâmbia, Quénia, República Popular do Congo e República Centro-Africana. Juntos, comprometeram-se a reforçar a cooperação transfronteiriça, intensificar a vigilância sanitária e melhorar a troca de informações em tempo real.

“As epidemias não conhecem fronteiras, por isso é crucial haver uma coordenação sólida entre países vizinhos”, alertou Linda Mobula, especialista do Banco Mundial na RDCongo.

O acordo prevê igualmente o reforço dos mecanismos de partilha de dados, acompanhamento da mobilidade das populações afectadas e mobilização de recursos técnicos e financeiros para dar resposta ao mpox e a outras emergências sanitárias.

A reunião, que contou com a participação de organizações internacionais como a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Organização Internacional para as Migrações (OIM), teve como foco a definição de estratégias colectivas que envolvam não só os governos, mas também a sociedade civil e peritos de saúde pública de todo o continente.

“O surto de mpox tem uma dimensão claramente regional e exige soluções colectivas. Esta reunião é mais do que um momento de partilha: é um ponto de partida para acção conjunta”, sublinhou o gestor interino da OMS para emergências em África.

A resposta delineada para o mpox assenta em pilares como a vigilância epidemiológica, diagnóstico laboratorial, vacinação, comunicação de risco, financiamento sustentável e reforço das capacidades nacionais, tendo sido amplamente debatida durante o encontro.

De acordo com dados do CDC África, até meados de Maio, o continente registou 132.954 casos de mpox, dos quais 30.668 confirmados por testes laboratoriais. As mortes associadas ao surto ascendem a 1.761, incluindo 176 com confirmação laboratorial.

A RDCongo continua a ser o epicentro da epidemia, contabilizando 101.460 casos e 1.761 óbitos, com uma concentração alarmante no leste do país uma região marcada por décadas de conflito e instabilidade.

A nova aliança africana surge como um sinal de esperança numa altura em que o continente enfrenta desafios de saúde pública cada vez mais complexos e interligados.