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Vera Daves diz que financiamento de infra-estruturas em África deve ser repensado

A ministra das Finanças disse esta Quarta-feira que o Corredor do Lobito faz repensar a forma de financiamento das infra-estruturas em África, com um modelo nas últimas décadas “muito ancorado no investimento público puro”.

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Vera Daves de Sousa, que foi uma das palestrantes da reunião plenária sobre “O Futuro da Parceria entre os EUA e África”, referiu que o projecto do Corredor do Lobito, uma infra-estrutura ferroviária estratégica, que liga o Porto do Lobito, em Angola, à República Democrática do Congo (RDCongo) para facilitar o escoamento de minerais e mercadorias, “demonstra que é possível construir parcerias de sucesso, ancoradas no investimento privado”.

Segundo Vera Daves de Sousa, este mecanismo tem diversas vantagens, uma das quais a de não colocar “pressão adicional em economias, algumas delas já com um nível de endividamento que requer cuidados e atenção”, não deixando ao mesmo tempo de encarar a falta de infra-estruturas que existe e “não pode ser ignorado”.

A titular da pasta das Finanças vincou que o continente africano “tem um ‘gap’ de infra-estruturas premente, mas também tem níveis, em alguns casos altos, noutros consideráveis, de endividamento”.

Vera Daves de Sousa argumentou que soluções que envolvam a parceria de entidades privadas, o financiamento destas entidades e a identificação de bons projectos, e ser possível “demonstrar que o projecto vai pagar-se a si mesmo, sem dúvida é o caminho e o futuro”.

A ministra das Finanças frisou que é preciso não se ter uma visão redutora, de se olhar “pura simplesmente [para a] exportação ou a movimentação de minerais críticos”, mas sim uma perspectiva de valor acrescentado, com parcerias de médio e longo prazo, conteúdo local, no caso particular de Angola, a criação de empregos, o surgimento de oportunidades de outros negócios nas áreas do turismo, agronegócios, indústria ligeira e outras.

“O ponto de partida tem que ser recalibrar as parcerias numa perspectiva de motivar o investimento efectivo e juntos fazermos o caminho que possa ser conducente à concretização desse investimento”, salientou.

A governante frisou que as parcerias têm sido muito ancoradas ou num mecanismo de doação ou num mecanismo de financiamento ao Estado, pelo que é necessário que as partes façam por “ir para além disto”.

“Não que vamos desistir dessas duas variáveis, mas tornar as parcerias mais ricas e concentrarmo-nos no espectro maior de colaboração, olhando para as grandes empresas, mas também para as médias e pequenas empresas”, disse.

Vera Daves defendeu que é preciso também olhar-se para outros sectores, além do habitual sector de energia, virar o foco para iniciativas que sejam intensivas na geração de postos de trabalho.

“Pensar um pouco fora da caixa, dá trabalho, obriga-nos a fazer as coisas de forma diferente, obriga-nos a estudar mercados com os quais não estamos acostumados, o tema da língua também se coloca, mas temos que encontrar caminhos para endereçar tudo isso e estabelecer parcerias que sejam benéficas no seio do continente e fora dele”, observou.

A 17.ª Cimeira de Negócios EUA-África terminou esta Quarta-feira, depois de três dias intensos de contactos, e contou com a participação de mais de 1500 delegados, entre chefes de Estados, chefes de Governos, representantes de 490 empresas angolanas, 202 africanas e 73 norte-americanas, tendo sido assinados nove instrumentos jurídicos, em vários sectores.

C/Lusa, VA