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Pastores não precisam de canudo: ALCOPA rejeita exigência de licenciatura em teologia

A Acção para a Luta Contra a Pobreza em Angola (ALCOPA) manifestou reservas à proposta de alteração da Lei sobre a Liberdade de Religião e de Culto, que prevê a obrigatoriedade de formação superior em teologia para o exercício da liderança religiosa.

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O presidente da organização, Alberto Lunama, defendeu que a medida não encontra respaldo bíblico nem corresponde à realidade social do país. “O essencial é que os pastores tenham uma formação teológica e pastoral sólida, que garanta valores de moral, civismo e deontologia”, afirmou, à saída de uma audiência concedida pelo 3.º vice-presidente da Assembleia Nacional, Raul Lima.

Segundo Lunama, a imposição de um grau académico não se justifica quando “nem todos os ministros, governadores ou generais possuem licenciatura” para desempenhar as suas funções.

O Governo, que submeteu a proposta a consulta pública em Abril último, sustenta que a alteração da lei de 2019 visa adequar o diploma “à dinâmica da sociedade angolana”, colmatando insuficiências detectadas e adaptando normas às práticas actuais das confissões religiosas, explicou na altura o ministro da Cultura, Filipe Zau.

Na audiência com Raul Lima, o responsável da ALCOPA abordou ainda questões sociais, destacando os incidentes registados no final de Julho em várias províncias, na sequência da paralisação de taxistas motivada pela subida do preço dos combustíveis. Os protestos resultaram em 30 mortos, mais de 200 feridos e cerca de 1500 detenções, de acordo com dados oficiais.

Para Lunama, os tumultos revelaram, por um lado, a fragilidade social marcada pela fome, e, por outro, a instrumentalização da insatisfação popular por “inimigos do povo”. O dirigente reiterou a importância de preservar a paz como a maior conquista do país.