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Nos 50 anos da independência: Bonga exige mudança e solidariedade

O músico angolano Bonga, prestes a ser distinguido oficialmente no âmbito dos 50 anos da independência de Angola, considera que o país precisa de “recuar para melhor avançar”, com uma nova geração de líderes capazes de recuperar os valores fundamentais da angolanidade.

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Em declarações à agência Lusa, à margem do Festival Músicas do Mundo, em Sines (Portugal), Bonga defendeu que Angola não deve continuar a contar com os mesmos actores do passado, mas com “outros que tenham têmpera” para transformar o país com base na coragem, honestidade e ligação ao povo.

“A gravata não é o mais importante. Os cursos tirados também não são importantes, senhor doutor, senhor engenheiro…”, afirmou o artista, de 82 anos, apelando a um perfil de cidadão mais comprometido com a vida real das pessoas. “Tem que haver aquele angolano de ontem, ousado, perspicaz, respeitoso, verdadeiro”, acrescentou.

O músico, cujo nome completo é José Adelino Barceló de Carvalho, visitou, durante a sua passagem por Sines, a exposição “Balumuka! – Narrativa poética da liberação… ou ainda, Rebelião Poética Kaluanda”, que inclui a capa do seu icónico álbum “Angola 72” e homenageia a música enquanto instrumento de resistência e memória colectiva.

Apesar de viver fora de Angola há mais de quatro décadas, Bonga mantém uma relação íntima com o país e não esconde o desalento com a situação social e económica actual. “Com petróleo, diamantes e ouro, não é para a gente ser feliz?”, questionou, lamentando a pobreza persistente e a fragilidade dos serviços públicos, como escolas e hospitais.

Bonga destacou ainda o papel de artistas como Zezé Gamboa, António Ole e Luaty Beirão, defendendo que Angola precisa de mais vozes activas e críticas. “Porque nós, da nossa geração, nunca pensámos que o país ia ficar como está ficando”, desabafou.

O autor de “Mona Ki Ngi Xica” será condecorado pelo Presidente João Lourenço, que se encontra em visita oficial a Portugal, como reconhecimento pelo seu contributo artístico e cívico ao longo de cinco décadas de independência.

“Eu faço a minha parte cantando, que é a melhor maneira que tenho de passar recados positivos para ajudar o meu povo”, concluiu Bonga, reafirmando o seu compromisso com Angola através da música.

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