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FMI mantém Angola debaixo de olho, mas afasta novo financiamento

O Fundo Monetário Internacional (FMI) afastou, por agora, a possibilidade de um novo programa de financiamento para Angola, mas garante que continua a acompanhar “muito de perto” a situação económica do país. O aviso chega num momento em que a recuperação económica da África Subsaariana e de Angola em particular começa a mostrar sinais de fragilidade.

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Há 1 semana
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“O FMI não está a negociar qualquer apoio financeiro com Angola neste momento. Mas seguimos como parceiros estratégicos, prestando aconselhamento e apoio técnico às autoridades”, afirmou esta quinta-feira o representante do FMI em Angola, Victor Lledo, durante a apresentação do relatório sobre as Perspectivas Económicas Regionais da África Subsaariana, na Faculdade de Economia da Universidade Agostinho Neto, em Luanda.

Segundo o economista, Angola teve um arranque de 2024 promissor: o crescimento económico subiu de 1% em 2023 para 4,5% este ano. Contudo, esta trajectória positiva pode sofrer um revés. A guerra comercial global, a desaceleração do crescimento internacional e a queda dos preços do petróleo ameaçam comprometer os ganhos recentes. Para Angola, o FMI revê em baixa a previsão de crescimento para 2,4% em 2025.

Lledo destacou que essa recuperação inicial resultou de medidas “difíceis mas corajosas”, como a flexibilização da taxa de câmbio, a redução de subsídios e uma política monetária mais restritiva que começou a conter a inflação que desceu de 30% em Julho para cerca de 22% nos dados mais recentes.

Apesar disso, o FMI reforça que ainda há muito por fazer. O representante apontou a retirada gradual dos subsídios aos combustíveis como uma reforma necessária, classificando-os como “extremamente regressivos”, pois beneficiam sobretudo as camadas mais ricas. Sublinhou também a importância de compensar as famílias mais vulneráveis, através da expansão de programas como o Kwenda, tanto nas zonas rurais como urbanas.

Para mitigar os choques externos, o FMI recomenda o reforço da mobilização de receitas internas, maior eficiência e transparência na gestão das finanças públicas e aceleração das reformas estruturais. Lledo frisou ainda que é essencial uma boa comunicação com a população para garantir que as mudanças são compreendidas e geram confiança.

Apesar de manter Angola fora da lista de países com financiamento activo, o FMI permanece como conselheiro estratégico, ajudando o Executivo com formação técnica e partilha de opções de financiamento, caso o país decida avançar futuramente com um pedido formal.