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Dívida de Angola à China cai mais de dois mil milhões em dois anos

A dívida de Angola à China, principal credor bilateral do país, registou uma redução de mais de dois mil milhões de dólares desde 2023, situando-se actualmente em cerca de 8,9 mil milhões, revelou esta Terça-feira o director-geral da Unidade de Gestão da Dívida (UGD), Dorivaldo Teixeira.

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O responsável falava em Luanda durante a apresentação do balanço do Plano Anual de Endividamento (BPAE) referente ao primeiro semestre de 2025, sublinhando que a diminuição resulta, em grande medida, da amortização progressiva de empréstimos garantidos por petróleo. A expectativa do Executivo é que o valor da dívida à China possa descer para os 7,5 mil milhões até ao final do ano.

Globalmente, a dívida pública angolana totalizava, no fecho de Junho, 61,9 mil milhões de dólares, repartida entre 45,2 mil milhões de dívida externa e 16,7 mil milhões de dívida interna. Apesar da instabilidade económica internacional, o serviço da dívida externa decorre dentro dos parâmetros previstos, com pagamentos na ordem dos cinco mil milhões de dólares até agora.

Dorivaldo Teixeira indicou que, num cenário de maior incerteza nos mercados financeiros internacionais, Angola tem privilegiado o recurso ao financiamento interno para assegurar a execução do Orçamento Geral do Estado. Actualmente, 99 por cento do endividamento interno é contraído a taxa fixa, o que contribui para uma maior previsibilidade orçamental.

“A estratégia de médio e longo prazo é reduzir a dependência do crédito externo e fortalecer a capacidade de mobilização de recursos internos”, afirmou, acrescentando que a tendência de queda no ‘stock’ da dívida tem sido consistente desde 2022, com uma redução anual média de dois mil milhões de dólares.

A exposição cambial da dívida pública continua, no entanto, a representar um risco estrutural, admitiu o dirigente, salientando que uma parte significativa dos compromissos do Estado está denominada em moeda estrangeira.

Quanto às reservas internacionais líquidas, estas aumentaram para 15,5 mil milhões de dólares, face aos 14 mil milhões registados anteriormente, o que, segundo Teixeira, confirma um desempenho positivo na gestão macroeconómica e na consolidação fiscal.

No que diz respeito aos mercados internacionais, Angola prepara-se para liquidar em Novembro o pagamento de 864 milhões de dólares relativos a Eurobonds, estando, segundo a UGD, em curso acções para garantir o cumprimento desta obrigação.

Apesar das melhorias, Dorivaldo Teixeira alertou para a necessidade de manutenção da prudência orçamental, sobretudo devido à elevada sensibilidade da economia angolana às flutuações do preço do petróleo, principal fonte de receita do país.

“O contexto internacional permanece volátil, e a nossa exposição às variáveis externas continua elevada. Por isso, temos de continuar a trabalhar com disciplina, racionalidade na despesa e foco na estabilidade”, concluiu.